sábado, 29 de março de 2008

PACTO DE ELITES "MADE IN BRAZIL"



Afrodisíaco é
O poder - nada de novo
Como ninho de serpentes
No palanque põe seu ovo
No Brasil - constatação
O poder dando tesão
Pra botar no cu do povo

Na Coréia no Kosovo
Na Rússia na Argentina
Tio Sam Venezuela
No Tibete até na China
No poder virar nababo
Pro povão tomar no rabo
Sem direito à vaselina

A comédia não termina
No congresso tem rebu
As hienas de plantão
Tem chacal tem urubu
Um baquete demoníaco
De poder afrodisíaco
Com tesão no nosso cu.

quinta-feira, 27 de março de 2008

MOTE ELEITOREIRO SUGESTÃO DE CÍCERO MORAES



I
Os safados de sempre nesse lado
Vão levar eleitores pro buraco
O povão qual guiné diz que “tô fraco”
Tanta fome tem nome meu prezado
Eleitor pra votar é num safado
Dá seu voto depois não vale à pena
O sujeito ladrão que rouba a cena
Como Judas terá muitos dinheiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
II
E assim pedir voto do eleitor
Vão chegar pra mostrar cara de pau
Um calhorda na esfera federal
Vai levar seu quinhão de sedutor
Enganar o povão trabalhador
Mentirão levarão seu circo encena
Gente porca demais mais de centena
Urubus tapurus mais carniceiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
III
Nos dirão que farão coisas demais
Criarão com justiça nova vida
A mundiça daqui vai iludida
Votará e depois secar seu gás
O poltrão falastrão a grana a mais
Gastará pra chegar nada o condena
No final só dirá só coisa amena
Todos nós a sorrir nos picadeiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
IV
Vote mesmo não terás mais ilusão
Pois votar é assim só necessário
Se nos traz por aqui só salafrário
Se votar sem pensar não tem razão
Mas verás como faz tal armação
Fala mal muito mal o tal Datena
Eu me ligo demais abro a antena
Pra sacar e evitar a tal gangrena
Desses tais os chacais mais sorrateiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
V
Os leões que famintos querem tudo
Querem mais sempre mais desse povão
Vão querer se fartar nesta eleição
Vão mostrar como faz o seu entrudo
O povão que carente sem estudo
Vai ter nada no fim gota serena
No poder vão comer mais de vintena
De bufunfas do povo os forasteiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
VI
Nova ARENA que tem é democrata
Com tucanos demais na revoada
Com ladrão se dizendo camarada
A História recente nos relata
Nosso povo que vão meter a pata
Pra levar enganar seu sangue drena
Vão querer bons carrões e não Siena
E comer nos repastos estrangeiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
VII
Mil sujeitos que vão dizer lorotas
Muitos vão tal lorota nos botar
Pra depois ter um voto sem pensar
Nos impor sob os pés as suas botas
Não mudar e manter as mesmas rotas
Para ouvir sempre mesma cantilena
Repetida como as rezas da novena
Enganando com discursos mais fuleiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
VIII
Os chacais o venais no mesmo rumo
Vão querer se fazer de salvadores
Pra no fim se portar qual predadores
Cidadão vão pegar todo esse insumo
O poder pra manter no mesmo prumo
E deixar a exclusão de quarentena
Se fartar e dançar tal macarena
No festim terminal dos embusteiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
IX
Eleitor cidadão domesticado
É seu dono feitor e enganador
Que domina pra levar tal condutor
Pra votar no poder podre e safado
Mas quem quer não será mais enganado
O passado ruim só lhes condena
Esse cabra se modos nunca frena
Seus butins que farão qual farofeiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
X
Eleger mas pensar na conseqüência
Só votar em quem tem um compromisso
O safado poltrão que dá sumiço
Quando tem o que quer sem indulgência
Sepultar o poltrão exige urgência
Sem botar um botão de açucena
Enterrar esquecer de forma plena
Escolher os que têm modos ordeiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena
XI
Cidadão cidadãs deste país
Avançar pra mudar nosso presente
Destronar quem quiser ferrar a gente
E quem faz do poder só meretriz
Extirpar todo mal pela raiz
Sem perdão que se deu pra Madalena
Essa corja que mente tão pequena
Não merece mandar nos brasileiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena

domingo, 23 de março de 2008

CARAVANA PÉ NA ESTRADA PELA EDUCAÇÃO



Embarquei esse mês de março de 2008 com os jovens estudantes universitários numa caravana chamada PÉ NA ESTRADA PELA EDUCAÇÃO. Uma iniciativa da UEP (União dos Estudantes de Pernambuco) com apoio da UNE e de órgãos oficiais ligados às ações junto à juventude. O tema da caravana, que teve ações em escolas da região metropolitana, foi um debate acerca do papel da universidade como elemento de alavancar o desenvolvimento local com inclusão social. De fato, Pernambuco prenuncia um novo surto de investimentos de vulto com a refinaria, estaleiro, Hemobrás , etc. No entanto, sem capacitar nosso povo para ocupar esses futuros postos de trabalho, teremos fatalmente algo similar ao que houve em Camaçari na Bahia, onde muitos desses postos foram preenchidos com mão de obra de outras regiões. Além disso, a reforma universitária, até hoje empacada no Congresso Nacional em função do forte "lobby" das escolas privadas de ensino superior. Compus um cordel glosando o mote: De que vale investimento / Sem povo capacitado, este faria parte de uma intervenção poética e musical que os jovens contrataram para que eu fizesse em 10 eventos que ocorreriam no Recife, Olinda e cidades do agreste. Aqui no Recife, tive o dissabor de ver uma escola privada de grande porte hostilizar esses jovens ativistas estudantis. Fomos obrigados a fazer nossa atividade política e cultural numa rua poeirenta no entorno dessa escola, já que proibiu a presença do movimento estudantil no âmbito de suas instalações. Uma coisa descabida e anacrônica em tempos de democracia formal em que vivemos.

Os jovens,todos ligados à esquerda organizada, majoritariamente ligados ao PC do B, bastante imbuídos como toda militância jovem, com sua linguagem padrão de chavões e palavras de ordem, bastante aguerridos e nas atividades tentando, muitas vezes de forma improvisada por em cena seu trabalho de divulgação de assunto de grande relevância e interesse social. A atividade era constituída de uma animação cultural feita com música e poesia para atrair o público. Em seguida, no auditório passavam um documentário que versava sob as temáticas a serem debatidas nas escolas. Primeiro um histórico de como se deu a criação das universidades no Brasil desde o império. O século vinte, a ditadura, os anos neoliberais de Collor e FHC nos quais o ensino superior privado cresceu 207% enquanto as escolas públicas de ensino superior apenas 50% em número de vagas. Depois disso, um depoimento de estudantes alienados e bobalhões de classe média acerca do seu conhecimento da reforma universitária. Uma coisa pavorosa a alienação e indiferença dessas pessoas,totalmente desconectadas das questões cruciais, dizendo um monte de asneiras, coisas como: " eu detesto política". Gente sem informação totalmente imbuída do espírito individualista do "vencer na vida", fora do sentido de luta social e coletiva, necessária como veículo de idéias e ações no sentido de pressionar os poderes com relação às responsabilidades que estes devem ter com os rumos da educação. Como contraponto, falas de líderes estudantis, na linguagem padrão das doutrinas de esquerda de inspiração marxista, formatação doutrinária característica, porém , coerentes e sérios em seus propósitos, esses pelo menos tem idéias na cabeça, se são originais ou fruto de doutrinação, o fato é que pelo menos têm uma posição coerente e fundamentada.

Na seqüência, a fala de dois reitores de universidade públicas, um primor de pensamento socialmente avançado e comprometido com a qualidade de ensino e responsabilidades socais que as escolas públicas devem ter com os demais segmentos sociais. Além desses, uma deputada do PT cuja ligação com os assuntos de educação faz do seu mandato uma forte voz de ressonância dos anseios mais legítimos de nossa juventude com relação ao seu acesso aos bens imateriais da educação e cultura. Pra fechar, o dono e reitor da escola privada que barrou meus parceiros no campus de sua empresa. O cidadão é favor da liberação dos limites acima dos 30% permitidos do capital estrangeiro nas escolas de ensino superior no Brasil. Além disso, o cidadão dizendo-se totalmente avesso a qualquer forma de controle social e comunitário com relação às atividades "empresariais" de ensino, afirmando que isso contradiz o princípio sagrado da "livre iniciativa" e as leis do "deus-mercado". Para fechar, vem com uma pérola que me deu vontade de vomitar, algo mais ou menos assim: -é privado, mas tem primar pela qualidade, no futuro, será como restaurante(palavras dele), o que for ruim vai fechar... Simplesmente nojento. Fecha o documentário com imagens de uma passeata dos estudantes no Recife nos moldes dos festivos caras pintadas que "derrubaram" Fernando Collor.

Em seguida uma série de falas dos membros da mesa: presidente da UEP, representante do DCE local, representante da UNE, representante da escola em questão, e autoridade municipal de educação. Na parte final o microfone aberto aos presentes ao debate. Isso aconteceu em Vitória de Santo Antão, Caruaru com acalorados debates, com gente discordante da afiliação partidária dos companheiros questionando a eficácia e validade desse alinhamento ideológico, fizeram sem sucesso, um desses, secretário municipal de sua cidade que ensaiou um palanque e só não foi vaiado porque os jovens do movimento demoveram a assistência dessa atitude desrespeitosa. Em Garanhuns, foi esvaziado em face do choque do calendário acadêmico da escola, assim como o fato de muitos estudantes serem da área rural do entorno e dependentes dos serviços de transporte disponibilizado pelas prefeituras de suas cidades.

Nas ocasiões declamei meu cordel na parte final do debate, distribuindo com os presentes cópias do cordel que foi bem recebido por onde passamos. Foi uma grande e gratificante experiência poder partilhar dessa caravana com meus bravos e bravas criaturas do movimento estudantil para o qual fui indicado pelo diretor do CUCA, órgão cultural da União Nacional do Estudantes-UNE. Aprendi muito com esse povo jovem que ousa manter o pé na estrada e incomodando dos donos do Brasil.


ALLAN SALES


I

Teremos refinaria

Grande parque industrial

Impacto ambiental

Pernambuco nesta via

Mas chegará nosso dia?

Desenvolver nosso estado?

O que vimos no passado

Faz gerar um pensamento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

II

Aqui um pólo gesseiro

Um porto no litoral

Um avanço colossal

No Pernambuco guerreiro

Um esforço pioneiro

Que será implementado

Governador deputado

Senador neste fomento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

III

A riqueza que se gera

Aumentando a produção

Se não traz educação

A coisa se degenera

Pra gerar a nova era

Só com o povo educado

Instruído e preparado

Pois é chegado o momento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

IV

Levar pro interior

Educação e cultura

Forjar a era futura

Esforço de educador

O educar redentor

Não fazer em separado

Um Pernambuco integrado

O saber por instrumento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

V

Juventude e opinião

Discutir como se faz

Como progresso se traz

Sem trazer a exclusão

Educar faz comunhão

Ver esse povo letrado

Consciente emancipado

Deve ser o nosso intento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

VI

O futuro do Brasil

A juventude discute

O seu pensar repercute

Movimento estudantil

A UNE que produziu

A UEP ao seu lado

O movimento acertado

Pelo desenvolvimento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

VII

Se o presente é de luta

O futuro nos pertence

Che Guevara nos convence

E isso ninguém refuta

Comungamos na permuta

Um pensamento avançado

O presente e o passado

O futuro a todo vento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

VIII

Paulo Freire nos dizia

Da grande contradição

Educar por redenção

Nossa real alforria

O futuro se anuncia

O desafio é lançado

Aqui no verso o recado

A verdade é nosso alento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

IX

Pernambuco libertário

Tem exemplos na história

O povo quer sua glória

Dignidade e salário

Meu Pernambuco operário

Que não vai ser enganado

Ver esse povo engajado

No futuro novo invento

De que vale investimento

Sem povo capacitado

X

E com o pé na estrada

A caravana que avança

A consciência se alcança

Na estudantil jornada

Vamos de alma elevada

Um movimento pensado

Ver esse povo acordado

Consciente e sempre atento

De que vale investimento

Sem povo capacitado.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mote do Poeta Zé de Cazuza



I
Corre o tempo vai solene
Ignorando essa gente
A vida segue na frente
É como um rio perene
Não há quem assim condene
Sua passagem incontida
Um dia será partida
O tempo é arrasador
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
II
O relógio que não pára
É senhor absoluto
O tempo vai impoluto
Seu cronômetro dispara
Vai mudando nossa cara
Que será envelhecida
A vida em tempo corrida
Cada um de nós um ator
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
III
O tempo que sempre vai
O tempo que sempre vem
E não perdoa ninguém
Um trem ali sempre sai
A nossa força decai
É coisa que resolvida
Felicidade vivida
Ou pranto de sofredor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
IV
Esse tempo que nos passa
Nos faz ficar mais sabidos
E com os anos vividos
A nossa mente perpassa
A perceber toda graça
De poema a investida
Pois palavra concebida
Nesse tempo criador
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
V
Todo dia de viver
Todo dia de sonhar
E assim presenciar
O tempo faz aprender
Muitos dias quero ver
Nas coisas de minha lida
Pois numa corda tangida
Fiz de mim um trovador
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
VI
Esse quadro que pintado
Vai tingindo meus cabelos
Embranquecendo meus pelos
Assim me vejo postado
Cada dia é celebrado
Numa estrada comprida
A mente que esclarecida
No verso do inventor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
VII
Os dias que vão passando
Gota a gota sempre indo
Os versos vejo surgindo
No dia que vai raiando
E assim me preparando
A cada obra fornida
O meu verso em despedida
Dessa tela sou pintor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
VIII
A vida do dia a dia
É comum até demais
Mas quando verso ela traz
É motivo da alegria
Quebrando a monotonia
Obra de arte nascida
Que pelo mundo espargida
É um sopro redentor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
IX
O dia que traz de tudo
Traz também reflexão
A hora da decisão
Do saber de todo estudo
O tempo avança contudo
É uma sina cumprida
Com todos é repartida
De todos é o senhor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
X
Todo dia de sonhar
Todo dia como ser
Todo dia é conhecer
Todo dia é de buscar
Todo dia é versejar
Todo dia dá guarida
Todo dia alma sentida
Todo dia tem valor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida

quinta-feira, 13 de março de 2008

O doador doa a vida..... No ato da doação



I
Tantas doenças renais
Tantas cegueiras curáveis
As mazelas são tratáveis
Quando doação se faz
Muita pessoa é capaz
De ajudar um irmão
Doa o rim o coração
A córnea é usufruída
O doador doa a vida
No ato da doação
II
Cabe a gente decidir
A doar depois da morte
Para mudar outra sorte
De outro alguém o porvir
O fígado pode servir
A pele que tem função
Os ossos e com razão
É uma coisa conhecida
O doador doa a vida
No ato da doação
III
É só questão cultural
Ou então religiosa
A pessoa generosa
Ao doar é fraternal
É um gesto sem igual
No ato da decisão
Por aí tem precisão
E muita fila comprida
O doador doa a vida
No ato da doação
IV
A córnea pode doar
E o coração também
Os rins que doar convém
O pulmão se pode usar
Pra muita vida salvar
Depois cuidar rejeição
Tomando a medicação
Deve ser real medida
O doador doa a vida
No ato da doação
V
Por isso declare agora
Coloque na identidade
Se essa for a vontade
Quando chegar sua hora
Faça isso sem demora
E dê autorização
A família não diz não
A forma assim concebida
O doador doa a vida
No ato da doação
VI
Mas o pensar atrasado
Impede tal atitude
Tanta gente sem saúde
Com o seu corpo lesado
Com o rim paralisado
Cardiopatas de montão
Cegueira com solução
Numa espera sofrida
O doador doa a vida
No ato da doação
VII
O coração fraquejando
Exigindo um transplante
À espera de um instante
Tem tanta gente esperando
Um outro tanto negando
Fazendo a obstrução
O egoísmo malsão
Atitude empedernida
O doador doa a vida
No ato da doação
VIII
Tem cegueira reversível
A córnea trazendo cura
E tanta gente procura
A cirurgia é possível
Ignorância é incrível
Impede tal solução
Tem até religião
Proibindo e decidida
O doador doa a vida
No ato da doação
IX
O fígado avariado
Pede outro no lugar
Um rim que pode salvar
Outro ser debilitado
Que pode ser operado
Espera o cirurgião
Um gesto de redenção
Da saúde carcomida
O doador doa a vida
No ato da doação
X
É questão de consciência
Questão de cidadania
Solução por cirurgia
Num avanço da Ciência
E traz a sobrevivência
Novo recurso na mão
Vá e tome a decisão
Antes da nossa partida
O doador doa a vida
No ato da doação